Com a presença dos escritores premiados, solenidade realizada no dia 13 de maio foi prestigiada também pelo prefeito de Florianópolis Gean Loureiro, pelo presidente da Fundação Catarinense de Cultura, Edinho Lemos, e pela presidente do Floripa Sustentável, Zena Becker.
A solenidade de entrega do Prêmio Catarinense de Literatura — Centenário da Academia de Letras, conduzida pelo presidente Moacir Pereira, foi marcada por várias homenagens a escritores e pesquisadores. O cineasta e escritor Sylvio Back, 83 anos, catarinense de Blumenau, radicado desde a infância no Paraná, recebeu um diploma pelo conjunto da obra, que inclui mais de trinta documentários, curtas e longas metragens. Ele participou virtualmente de sua residência no Rio de Janeiro, onde mora há quinze anos. Back falou de seus filmes sobre acontecimentos históricos ocorridos em Santa Catarina, como o Contestado (A Guerra dos Pelados, de 1971), e destacou sua obra sobre o escritor simbolista Cruz e Sousa (Cruz e Sousa – o poeta do desterro, de 1998). Também o escritor Rubens Cunha, vencedor na categoria Poesia, que reside em Salvador, fez sua saudação pela internet. Professor da Universidade do Recôncavo Bahiano, Cunha falou da inegável influência regional na sua escrita, atualmente: “O Recôncavo habita sua gente em mim”.
Os demais agraciados – Celestino Sachet (Prêmio Centenário da Academia), André Ghiggi Caetano da Silva (Romance), Celso Leal da Veiga Junior (Crônica), Ernani Buchmann (Ensaio) e Marli Cristina Scomazzon e Jeff Franco (História) – estiveram presentes e se pronunciaram durante a cerimônia.
O professor Celestino Sachet, de 91 anos, fez um breve relato histórico do surgimento da ACL, sua fundação, o ambiente da época no nosso estado, as dificuldades que, anos depois, quase levaram a Academia à extinção. Emocionado, disse viver hoje um dos grandes momentos de sua história ao constatar, no centenário da entidade, sua manifestação de força e vitalidade.
O jovem escritor André Ghiggi, autor de O bosque da invernada dos fundos, valorizou o papel dos livros e da literatura como formadores da cultura de um povo e do ser humano. “Quantas experiências podemos viver num só romance? Vivências que levaríamos anos para acumular no cotidiano!”. Ele finalizou com uma palavra de esperança, parafraseando Dostoievski: “A beleza das obras literárias salvará a humanidade”.
Na sua fala de agradecimento, o cronista Celso Leal da Veiga Junior ressaltou a importância de valorizar nossas raízes. “Venho aqui hoje embalado pelas águas do rio Tijucas, praticamente descalço e de pés no chão. Considero-me um eterno aprendiz”, disse o escritor tijuquense, ao citar grandes nomes das letras catarinenses nascidos no município localizado a 53 quilômetros da capital.
Quem também engrandeceu a noite com sua presença foi o advogado, jornalista e escritor joinvillense Ernani Lopes Buchmann, atual presidente da Academia Paranaense de Letras. Buchmann falou do seu prazer em participar, na sua terra natal, de um momento tão importante para as letras de Santa Catarina. Bem-humorado, disse que, por ser canhoto, não tinha habilidade para as tarefas manuais e acabava se refugiando nas leituras. “Sempre fui um desastre. Saí pela vida cometendo desastres, entre eles, 25 livros”. O ensaio, elogiado pelo presidente da Comissão Julgadora, acadêmico Péricles Prade, analisa os ditadores latino-americanos presentes como personagens nos romances de escritores como o peruano Mario Vargas Llosa ou o colombiano Gabriel García Márquez: “Os imperadores de operetas da América Latina, com seu totalitarismo bizarro, servem apenas como caricatura e personagens do farsesco”.
Marli Cristina Scomazzon e Jeff Franco, autores de Primeira circum-navegação brasileira e primeira missão do Brasil à China (1879), agradeceram o apoio recebido do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina, da Marinha do Brasil e de todos os que ajudaram a realizar essa grandiosa obra. O livro-reportagem resgata o feito histórico de oficiais e marinheiros imperiais brasileiros a bordo da corveta Vital de Oliveira, responsáveis pela primeira volta ao globo terrestre de uma embarcação brasileira, numa viagem que durou 430 dias e custou a vida de dezenas de tripulantes.
Também presente à sessão solene, o prefeito da Capital, Gean Loureiro, destacou a importância do prêmio para a valorização da literatura e da cultura de Florianópolis e Santa Catarina. Na sua fala, anunciou projetos em parceria com a Academia e disse que a prefeitura pretende criar e incentivar programas de apoio ao surgimento de novos talentos.
O presidente da Fundação Catarinense de Cultura, Edinho Lemos, que assumiu recentemente o órgão, disse que o governo do estado está prestes a lançar um novo edital, de R$ 75 milhões, voltado ao incentivo à cultura.
A presidente do Floripa Sustentável, Zena Becker, reiterou apoio a projetos comuns para preservação e divulgação de eventos culturais na Capital.
(Com informações da coluna do jornalista Moacir Pereira/Portal ND+)