DIA 9 – 130 anos do nascimento, em Desterro, do poeta e professor ANFILÓQUIO DE CARVALHO GONÇALVES, primeiro Titular da Cadeira 9 da ACL. Do seu discurso de posse: Disseram-vos, também, que fui sempre um amigo devotado da mocidade estudiosa e que nunca recusei meu fraco auxílio àqueles que, possuidores de qualidades aproveitáveis, ingressavam, timidamente, nas lides literárias. / Enquanto os críticos ilhéus atacavam mais o autor que o trabalho, esquecendo-se de que a crítica sensata é louvável e benéfica, eu aconselhava a esses moços que não desanimassem, amparava-os, lembrando-lhes a necessidade do estudo, e consegui que muitos, animados por esse incentivo, aperfeiçoassem seus estudos e triunfassem. Isso tudo fiz, senhores, por amor à terra bendita de Santa Catarina, que precisa da dedicação de todos os seus filhos, para que brilhe, cada dia com mais fulgor, a auréola que cerca o seu nome. In: Revista da ACL nº 10, Fpolis: 1990/1991
DIA 10 – 50 anos da morte, em Blumenau, do poeta e professor ANTÔNIO MÂNCIO COSTA, Fundador da Cadeira 25 da ACL. Em fevereiro de 1969 ele escreveu A Enseada de Canasvieiras: Quando a espuma do mar te veste a praia, / Um lindo seio de mulher pareces / e no rendado líquido da saia / há restos de amor, há rumor de preces. / No orto do sol as ondas verdes gaias / semelham dos trigais o oiro das messes. / Álacre acordas quando a aurora raia, / mas o cair da noite te entristece. / Vives assim, assim vives e o mar / de velhas lendas, mágico profeta, / anseia mais e mais por te beijar. / Foste o encanto de Várzea e és agora / a inspiradora musa do poeta / que em teu regaço acolhedor, demora. In: Revista da ACL nº 8, Fpolis: 1986/1988
DIA 11 – 40 anos da posse do médico e poeta ARTUR PEREIRA E OLIVEIRA, segundo ocupante da Cadeira 19, recepcionado pelo Acadêmico HOLDEMAR OLIVEIRA DE MENEZES, segundo ocupante da Cadeira 12 da ACL. Pereira e Oliveira foi autor do poema Só em mim, com estes versos: Vida e morte, complementos, / Riscam vossos pensamentos. / Vida, balão que vai murchar, / Rio perdido em outras águas, lago a secar de pura sede. / […] Vida, tu és tudo e nada és, / Tudo quando crês que continuas, / Nada se te crês só fantasias / Sustos, aventuras do acaso. In: Revista da ACL nº 9, Fpolis: 1989
DIA 12 – 200 anos do nascimento, na capital catarinense, do orador sacro, professor, político e memorialista JOAQUIM GOMES DE OLIVEIRA E PAIVA – o Arcipreste Paiva – Patrono da Cadeira 21 da ACL. Em 1868, descreveu o perfil dos seus contemporâneos: Os catarinenses descendentes sua maioria de colonos açoritas, e de naturais da Capitania de São Vicente, são em geral afáveis, hospitaleiros e religiosos, sinceros e delicados no trato social, bravos e resignados nas vicissitudes da guerra. […] Audazes na afronta aos perigos do oceano desde a meninice; pacíficos, amigos dedicados do seu berço natal, talentosos e amantes das letras. […] Filho deste torrão não podemos deixar de confessar, aos catarinenses falta ainda o ânimo para as grandes empresas, efeitos antes da educação que da índole. In: Dicionário Topográfico, Histórico e Estatístico da Província de Santa Catarina, IHGSC, Fpolis, 2003 – Coleção Catariniana v. 5
DIA 18 – 35 anos do falecimento, em Florianópolis, do advogado, professor e ensaísta EDMUNDO ACÁCIO SOARES MOREIRA, primeiro titular da Cadeira 29 da Academia Catarinense de Letras.
DIA 20 – 5 anos da eleição do professor, filólogo e escritor DEONÍSIO DA SILVA, Titular da Cadeira 5 da ACL. No seu romance Teresa (SP, Mandarim, 1997), a personagem revela: Tive naquele convento uma vida de pecados e não me envergonho de nenhum deles. Dirão: Teresa não se arrependeu e por isso seus pecados são ainda maiores. Não. Antes que me julguem mal, quero dizer que somente não me arrependo dos pecados da carne. Sobre todos os outros paira o maior dos remorsos. Com sinceridade digo e escrevo: chegará um dia em que o sexo não será mais pecado, não terá mais o peso que hoje tem. Serão coibidos apenas os excessos. Sabem o que é excesso para mim? O cansaço do corpo e da alma. Chega um momento em que também o sexo cansa, embora quando jovem não saibamos admitir essa verdade. A sabedoria de viver está na temperança, e os atos que pratiquei com João não foram pecados, não prejudicaram ninguém, apenas nos deram prazeres mútuos naqueles anos escuros.
DIA 20 – 5 anos da eleição do engenheiro e escritor JOÃO CARLOS MOSIMANN, Titular da Cadeira 36 da ACL. Autor de Tragédia e mistério na Vila Renaux (Fpolis, Insular, 2000), no Prólogo ele explicou: Ao desvendar-se, a história revela a crônica de uma época e de uma comunidade muito peculiar, que de colônia agrícola do século XIX transformou-se em centro industrial de expressão no século XX e que, agora, no alvorecer do século XXI, converte-se em progressista centro comercial e de serviços, sem abandonar sua vocação original. Revela, também, o “modus vivendi” das famílias da aristocracia industrial da primeira metade do século XX, reflexo da influência da mentalidade burguesa europeia com a qual mantinha intenso e vivo intercâmbio.
DIA 21 – 10 anos do lançamento na ACL, em Florianópolis, de Saudade do futuro, de MÁRIO PEREIRA, sexto ocupante da Cadeira 8 da ACL. Na crônica que dá título ao livro, refletiu: Como o padre Antônio Vieira, também eu alimento uma paradoxal saudade do futuro que talvez não veja. Um tempo de mais compaixão e menos violência, de mais honestidade e menos bandalheira, de mais justiça e menos injustiça, de mais verdade e menos mentira, de mais educação e menos ignorância, de mais cortesia e menos grossura, de mais ser e menos ter, um tempo de respeito à dignidade humana e à natureza em todas as suas manifestações.
DIA 23 – 38 anos da posse do escritor e ensaísta LAURO JUNKES, segundo ocupante da Cadeira 32 da ACL, recepcionado pelo Acadêmico Nereu Corrêa de Souza, primeiro titular da Cadeira 40 da ACL. Em artigo intitulado Sylvia Amélia: a poesia está em todos nós, Junkes comentou: Geralmente denominamos poeta a pessoa que desenvolveu a capacidade de escrever poemas, de armazenar em palavras a potencialidade capaz de suscitar, provocar, induzir estados poéticos, ou seja, de fazer outras pessoas reviver a poesia que eles mesmos experimentaram. Tais pessoas talvez fossem mais corretamente chamadas de poetas ativos, ou melhor, poetas escritores, porque poeta é necessariamente quem lê, saboreia e consome positiva e efetivamente o poema, transformando o artefato poético verbal em sensibilidade imaterial, em poesia vivenciada. In: Revista da ACL n° 12, Fpolis: 1993/1994