– In: EFEMÉRIDES DA ACL

Veja as datas importantes no âmbito da Academia Catarinense de Letras no mês de setembro de 2021.

Pesquisa e texto do acadêmico JALI MEIRINHO, Cadeira 30.

DIA 2 – 134 anos de nascimento, em Desterro, do jornalista, político e diplomata LEOPOLDO DE DINIZ MARTINS JÚNIOR, primeiro titular da Cadeira 5 da ACL. Bacharel em Ciências Jurídicas pela Faculdade de Direito de São Paulo, foi contemporâneo de Adolfo Konder e Nereu Ramos. No Rio de Janeiro atuou nos jornais A Pátria, A Gazeta, A Noite, e foi cofundador do Diário de Notícias. Em 1934 se elegeu Deputado Federal por Santa Catarina. Durante o “Estado Novo” ingressou no Itamarati, nomeado Conselheiro para a Embaixada Brasileira na Argentina, depois elevado ao posto de Ministro para Assuntos Econômicos.

DIA 5 – 95 anos do nascimento, em Bom Retiro, do professor e sociólogo ALCIDES ABREU, segundo ocupante da Cadeira 16 da ACL. Foi autor de Análise Sistêmica de Partidos Políticos, de onde recortamos: Poder-se-á conceituar a cultura como o produto das atividades humanas dirigidas para fins conscientes. A cultura política existe na medida em que a política, em todos os aspectos, penetra na consciência dos indivíduos e dos grupos, influenciando-lhes a conduta. Nos governantes ela se exprime pela compreensão que tenham do tempo e do meio em que vivem, pela habilidade ou intuição de captar os fatos de significação social e política, e pela capacidade de persuadir os governados à união para a consecução dos bens comuns. Nos governados, a cultura política se revela na participação política, no entendimento da diversidade legítima de opinião, no diálogo pronto com o contendor, na rápida superação das divergências, na continuidade da disputa em caso de revés, no compromisso necessário em face do bem comum. In: ANÁLISE SISTÊMICA DE PARTIDOS POLÍTICOS. Porto Alegre: Ed. Movimento, 1977.

DIA 12 – 70 anos da morte, no Rio de Janeiro, do jornalista, teatrólogo, advogado e político JOE (JOSÉ) LUIS DE MARTINS COLAÇO, Fundador da Cadeira 21 da ACL. O escritor EVALDO PAULI, seu sucessor na Academia, reproduziu texto publicado no Atualidades, do Rio de Janeiro, na edição de 26 de junho de 1915: Nascido lá nas paragens germânicas de Santa Catarina, o Colaço demandou o Rio, e aqui se matriculou na Faculdade de Medicina. Cursou até o 4° ano. Uma força estranha, porém, o atraía, desde a mais tenra idade, para os campos do jornalismo. Resistiu o mais que pôde a esta força, por isso que não eram estranhas as agruras da vida de imprensa. Por fim desanimou, enfraqueceu, na resistência, e foi tal este enfraquecimento que teve que abandonar o curso de medicina, tão bem encaminhado. […] Aqui o Colaço trabalhou por muito tempo. Na Gazeta, depois no Diário e Novidades. Agora, bem longe de nós ele está. Privou-nos a sua companhia agradável o Dr. Felipe Schmidt, que o convidou para ser Oficial de Gabinete. Em Santa Catarina continua o Colaço a desenvolver sua atividade jornalística. Um jornal (O Estado) fundado por ele e muitas dignidades altas do Estado acaba de lançar os moldes da imprensa moderna em Florianópolis. In: Revista do IHGSC – 3ª fase, n. 20. Florianópolis, 2001.

DIA 13 – 22 anos do lançamento do livro O Embaixador de Ariel (Breve notícia sobre a vida de Edmundo da Luz Pinto), de autoria de LICURGO RAMOS DA COSTA, segundo Titular da Cadeira 37 da ACL, realizado na 14ª Feira do Livro de Florianópolis. Primeiro Titular da Cadeira 11 da ACL, EDMUNDO DA LUZ PINTO integrou a delegação do Brasil como membro plenipotenciário à Conferência de Chaco, realizada em 1936 em Buenos Aires, merecendo esta referência de Licurgo Costa: Edmundo, nas primeiras intervenções que teve e mesmo falando em português, ganhou fama de um dos mais notáveis oradores das conferências, pela lhaneza e segurança de suas exposições, passando a ser ouvido sempre como uma das vozes mais respeitadas do conclave. In: O EMBAIXADOR DE ARIEL. Florianópolis: Insular, 1999.

DIA 19 – 78 anos do nascimento, em São José, do engenheiro, cineasta e escritor GILBERTO SCHMIDT GERLACH, quarto ocupante da Cadeira 17 da ACL. Nas páginas iniciais da sua obra Ilha de Santa Catarina: Florianópolis, ele conta: No Carnaval de 1908 duas novas sociedades surgiram: os “Tupynambás” e os “Temerários da Figueira”. Em abril, uma linha de bondes era inaugurada com o percurso de 2 km, entre a “Rita Maria” e o Largo XIII de Maio. Eram 4 carros para passageiros, 9 de cargas e 20 muares como força motriz. Cartas anônimas à “corbeau” escandalizam na rua Esteves Júnior. Por esta época estava na Ilha, vindo do Rio de Janeiro, o grande Virgílio Várzea, para rever amigos. Um lauto almoço foi oferecido no Hotel do Commércio. Seu parceiro de “Trópos e Phantasias”, Cruz e Sousa, falecera há 10 anos. Enquanto isso, um preto alcunhado de Macacão, perto dos 100 anos, resolveu deixar este mundo, despedindo-se dos amigos e lançando-se nas águas do trapiche do Loyd, na Rita Maria. In: ILHA DE SANTA CATARINA: FLORIANÓPOLIS. São José: Clube de Cinema Nossa Senhora do Desterro, 2015. 2 t.

DIA 19 – 30 anos da eleição da escritora URDA ALICE KLUEGER, Titular da Cadeira 2 da ACL. Em Verde Vale, seu livro de estreia, ela detalha: Na cozinha, Eileen e Rosa desdobram-se para colocar em travessas os alimentos que deveriam ir para a mesa: pirâmides de fatias de pão de milho, de trigo, de aipim; enormes quantidades de batatinhas, de arroz, de aipim cozidos e de batatas-doces; leitões trinchados, galinhas ensopadas, cremes e molhos, pepinos em folhas de uvas, chucrutes, saladas de vegetais frescos e avinagrados, saladas preparadas na manteiga torrada, enfim, todo o necessário para que não houvesse cristão que saísse insatisfeito daquela festa que não tinha precedentes na história da Colônia. A despensa estava atulhada de tortas e sobremesas; na sala de jantar estavam as frutas que a terra dava. Havia até uma panela de mingau para alimentar os bebês, que eram em grande número e sempre estavam presentes nas reuniões acontecidas na Colônia. In: VERDE VALE. Florianópolis: Ed. Lunardelli, 1979.

DIA 24 – 65 anos da morte, no Rio de Janeiro, do advogado e político ADOLFO KONDER, primeiro Titular da Cadeira 26 da ACL. Em 1939, escreveu para ALTINO FLORES: Rio, em 20 de maio de 39. Meu caro Altino: Num cordial abraço envio para o querido amigo as minhas melhores felicitações pelo 25º aniversário do ESTADO, há dias transcorrido./ Passando agora em revista esses anos de intensa atividade jornalística tem motivos para orgulhar-se da obra de justiça e de cultura que realizou./ Nas ásperas lutas em que V. se empenhou, no julgamento púbico dos homens das coisas de nossa terra revelou-se, sempre, um batalhador destemeroso e invencível e um juiz severo, mas, sobretudo, justo./ E ninguém poderá apontar-lhe, em desabono, mesquinhas campanhas de ódio ou de despeito, a atitudes de servilismo, ou, ainda, batalhas travadas no terreno estreito de interesse pessoal./ Por isso, a opinião do ESTADO tem hoje o valor de sentença irrecorrível e, por isso, o simpático vespertino da rua João Pinto goza, sem favor, do apoio e da consideração de todos os catarinenses de alma sã e cérebro desempoeirado, entre os quais rogo contar o velho companheiro e admirador. (A) Adolfo Konder. Fonte: Arquivo da ACL: Cadeira 26, Pasta 4.

DIA 26 – 10 anos da eleição do cronista e contista AMILCAR NEVES, Titular da Cadeira 32 da ACL. Na crônica de sua autoria VOO 254, ele relata: As Orelhas fumavam, conforme supra-relatado, absortas já então em vagas amenidades, quando as Olheiras começaram a falar aos Olhos, abrindo um álbum de fotos coloridas. Um álbum de fotos coloridas, convenhamos, chama a atenção de qualquer um, até de um par de Orelhas distraídas. In: RELATOS DE SONHOS E DE LUTAS. São Paulo: Estação Liberdade: Fundação Nestle de Cultura, 1991.

DIA 27 – 50 anos da posse do jornalista e escritor NORBERTO CÂNDIDO SILVEIRA JÚNIOR, segundo ocupante da Cadeira 2 da ACL, recepcionado pelo Acadêmico NEREU CORRÊA DE SOUZA, primeiro Titular da Cadeira 40 da ACL. No seu discurso de posse, Silveira Júnior destacou: Porque, sobre apoucar-me as possibilidades intelectuais, nós jornalistas somos os cantores do episódico, somos o “hors d´oeuvre” do banquete, somos os violeiros das sinfonias das letras. E faço esta menção porque sempre entendi a minha eleição para a Academia Catarinense de Letras como uma homenagem que se presta não a mim, mas ao jornalismo do interior ao qual me ligo desde a minha juventude. […] Tenho uma profunda admiração pelo jornal sem brilho, pelo hebdomadário de pouca notícia. […] Tenho muito respeito pelo jornal que não recebe os favores das grandes verbas publicitárias, nem as notícias das grandes agências. Eles trazem nas suas páginas não o troar dos canhões de guerras distantes, não o brilho da manchete sensacional, mas a notícia familiar, o episódio doméstico. É o pequeno jornal que reverencio neste momento. In: SIGNO – REVISTA DA ACL nº 5. Florianópolis, 1975.

DIA 28 – 130 anos do nascimento, em Tubarão, do professor, poeta e escritor FRANCISCO GONÇALVES DA SILVA BARREIROS FILHO, Fundador da Cadeira 24 da ACL. Sobre BARREIROS FILHO, o relato é de NEREU CORRÊA: Numa das últimas visitas que lhe fiz, perguntei-lhe qual fora a sua maior emoção, vivida em toda a sua carreira de professor… Respondeu-me: – Foi no dia em que, inesperadamente, quando eu ia iniciar a minha aula na Escola Normal, entra pela sala o Dr. Adolfo Konder, Governador do Estado. Acompanhava-o um cidadão que eu não conhecia. Foi então que ele me disse: – Barreiros, convidei um amigo, que acaba de chegar do Norte, para assistir à sua aula. E, pegando-lhe pelo braço, apresentou-me o visitante: – Este é o Dr. João Pessoa, Governador da Paraíba. O professor Barreiros fez uma pausa e concluiu: Você pode imaginar a emoção que senti com a surpresa da visita, e o meu embaraço em ter que dar uma aula de rotina tendo como assistentes, além dos meus alunos, dois governadores. In: SIGNO – Revista da ACL nº 6, ano 15. Florianópolis, 1983.

DIA 30 – 215 anos do nascimento, em Laguna, do engenheiro militar, jornalista e político JERÔNIMO FRANCISCO COELHO, Patrono da Cadeira 17 da Academia Catarinense de Letras. Fundador da Imprensa na Província de Santa Catarina, no segundo número de O Catarinense, em 11 de agosto de 1831, noticiou e comentou a posse do novo Presidente da Província: Chegou no dia 3 do corrente o sr. Feliciano Nunes Pires, presidente desta Província, e tomou posse da presidência no dia 6. Mui aprazível me foi saber que este senhor, além de nosso patrício, é filho de um lavrador; deste modo pouco a pouco vai se extirpando a aristocracia em todos os ramos. Esses devotos dos velhos brasões e empoeirados pergaminhos de seus antepassados, aprendam a conhecer que os distintivos dos americanos de agora são tão somente seus talentos e virtudes. Devem desenganar-se que acabou o tempo em que os filhos dos desembargadores do Paço eram também desembargadores […]. Lembrem-se mais que também há de acabar o tempo de ser rei o filho do rei, este barbarismo político é tão absurdo como se dissesse que o filho de um sapateiro de ser de necessidade sapateiro. […] Concluo dizendo que para mim merece mais conceito e mais estima o filho de um lavrador, do que de qualquer fidalgo. O lavrador com o seu trabalho sustenta e nutre os seus semelhantes e o fidalgo não é mais do que um parasita cheio de títulos […]. Não pensem que faço isto por adulação. A esta divindade jamais tributarei adorações. Eu não conheço ainda a atual Presidente e desde já prometo censurar aqueles seus atos que me parecerem maus. In: Meirinho, Jali. A REPÚBLICA EM SANTA CATARINA (1889-1900). Florianópolis: Ed. UFSC/ Ed. Lunardelli, 1982.