Pesquisa e texto do acadêmico JALI MEIRINHO, Cadeira 30.
DIA 9 – 40 anos da eleição do bacharel em direito, museólogo, político e orador ANTÔNIO CARLOS KONDER REIS, quarto ocupante da Cadeira 22 da ACL. Governador do Estado, em 4 de dezembro de 1976 participou da solenidade comemorativa do Centenário de Nascimento do historiador Afonso d´Escragnolle Taunay, em Florianópolis. No seu discurso, além da reverência ao homenageado, disse: Quando me dirijo a literatos, historiadores, artistas plásticos, cultores da poesia, amantes da arte, como hoje, quero assinalar, como traços de identificação, o fato de o atual Governo buscar, lealmente, conviver com a arte e os artistas de todos os setores. / Já recebi no meu gabinete de trabalho e no palácio residencial, músicos, e poetas, jornalistas e escritores, pintores, decoradores, tapeceiros, arquitetos, todos que me trazem uma mensagem dirigida ao espírito, que, como profissionais ou simples diletantes, procuram manter a chama da criatividade, a nos lembrar que o mundo é belo, que não somos apenas matéria, que o espírito, assim como o corpo, tem fome e tem sede. Citado pela escritora Rosa de Lourdes Vieira Silva no artigo O ORADOR. In: ANTÔNIO CARLOS KONDER REIS: 50 ANOS DE VIDA PÚBLICA. Itajaí: Oficina da Palavra de Itajaí, 1997.
DIA 9 – 40 anos da eleição do poeta LIBERATO MANUEL PINHEIRO NETO, Titular da Cadeira 24 da ACL. É de sua autoria SENHORA: Minha Senhora do Desterro onde te escondes? / Vagueias por acaso nas noites de vento sul? / Passeias pelas dunas, pela lagoa, pelo farol? / Onde te escondes, senhora minha desta Desterro que amo? / Por que me apareces somente em tempo feio / em céu fechado / com forte vento soprando? / Onde estás, Senhora minha? Onde estás, minha Desterro? In: ANTOLOGIA 2. Florianópolis: Academia Catarinense de Letras, 2004.
DIA 11 – 28 anos da posse do jornalista, político, escritor e ensaísta SALOMÃO ANTONIO RIBAS JUNIOR, Titular da Cadeira 38 da ACL, recepcionado pelo Acadêmico ANTÔNIO CARLOS KONDER REIS, quarto ocupante da Cadeira 22 da ACL. Autor da obra PARTICIPAÇÃO E TRANSPARÊNCIA, Ribas Junior diz na INTRODUÇÃO: Em 1988, época da redação da Constituição catarinense, objeto de estudos, pesquisas e análises deste livro, passamos a viver sob uma nova ordem: Estado Democrático de Direito. A Constituição feita por representantes do povo, convocados para essa finalidade, consagrou os mais importantes direitos fundamentais, a democracia, a liberdade e a Federação. Daí a definição já no seu início: o Brasil é uma República Federativa. […] Há 30 anos tínhamos mais confiança nas regras escritas e na perenidade dos princípios declarados e nas normas de conduta então aprovadas. O passar dos anos mostrou que as coisas não estavam acontecendo exatamente como imaginávamos. Afinal, os usos, os costumes, a produção, os fatos econômicos e sociais, tudo muda independentemente das regras escritas em um dado momento. A vida como fenômeno é incontrolável pela vontade dos políticos. In: Ribas Junior, Salomão. PARTICIPAÇÃO E TRANSPARÊCIA: 30 ANOS DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE SANTA CATARINA (1989-2019). Florianópolis: Dois Por Quatro, 2019.
DIA 14 – 35 anos do lançamento, em Florianópolis, de CANÁRIO DE ASSOBIO, de JOÃO PAULO SILVEIRA DE SOUZA, terceiro ocupante da Cadeira 33 da ACL. Da crônica que dá título ao livro, recolhemos: O canário desapareceu, camuflado nas folhas verdes de tantas árvores de nada adiantou que, cheios de ansiedade, corrêssemos para um lado e outro, no quintal, imitando por assobios o seu chamado. Ficamos também agachados sob as árvores, silenciosos, tensos, concentrados nos mais leves movimentos das folhas a imaginar vê-lo a qualquer momento. “Ele vai aparecer agora”, pensávamos, com uma intensidade de uma prece, o coração quase estalando de esperança. “Vou contar até dez: ele vai aparecer.” Não adiantou. O canário não voltou mais. In: Souza, João Paulo Silveira de. CANÁRIO DE ASSOBIO – crônicas. Florianópolis: Lunardelli, 1986.
DIA 24 – 160 anos do nascimento, em Desterro, do poeta JOÃO DA CRUZ E SOUSA, Patrono da Cadeira 15 da ACL. O simbolista identificou o berço natal neste seu VELHO VENTO, aqui fragmentado: Velho vento vagabundo! / No teu rosnar sonolento / leva ao longe este lamento, / Além do escárnio do mundo/ […] Tu que vens lá de tão longe / Com o teu bordão das jornadas / Rezando pelas estradas / Sombrias rezas de monge. / […] Que tornas o mar sanhudo, / Implacável, formidando, / As brutas trompas soprando / Sob um céu trevoso e mudo. / […] Que falas também baixinho / Lá da origem do mistério, / Trazendo o augúrio sidéreo / E certa voz de carinho…/ Que nas ruas mais escusas, / Por tardes de nuvens feias, / Como um ébrio cambaleias / Rosnando pragas confusas. […] Ó velho vento saudoso, / Velho vento compassivo, / Ó ser vulcânico e vivo, / Taciturno e tormentoso! / […] Ó vento lânguido e vago, / Ó fantasista das brumas, / Sopro equóreo das espumas, / Ó dá-me o teu grande afago! […] Eu quero perder-me a fundo / No teu segredo nevoento, / Ó velho e velado vento, / Velho vento vagabundo! In: Cruz e Sousa – OBRA COMPLETA: Poesia. Org. e estudo por Lauro Junkes – Jaraguá do Sul: Avenida, 2008, v. 1.
DIA 25 – 40 anos da eleição do professor, ensaísta e crítico literário LAURO JUNKES, segundo ocupante da Cadeira 32 da ACL. No artigo MEDITANDO NA ÍNDIA: LUZ NO CORAÇÃO, ele conta das razões e sensações de uma viagem realizada no ano de 2007. Por que e com que objetivos fui à Índia? Bem, pratico yoga há mais de quarenta anos, mesmo que não de modo contínuo e sistemático. Há cerca de um ano encontrei Luis Degani, um engenheiro que trabalha em Garopaba, que me falou entusiasticamente sobre a meditação do Sahaj Marg. Foi ele que me introduziu no Raja Yoga, o yoga da mente, atualizado no sistema do SAHAJ MARG – O Caminho Natural, o sistema prático de meditar – abrir o coração para a luz divina – para apaziguar a mente, treinar a espiritualidade e evoluir para a condição espiritual mais alta possível. Por esta razão fui à Índia… E concluiu: A Luz! Abrir-se. Deixar-se impregnar de luz. Luz que ilumina. Luz que perturba. Luz que queima. Luz que tudo invade. Luz que não conhece barreiras nem escaninhos. Luz que purifica. Luz… somente luz! Luz… pode-se resistir? A luz plenifica todo o sentido. E a vida fulge em suprema beleza! Constitui o mais magnífico de todos os dons! Sua plenitude abrange até muito além de tudo que pedi. In: REVISTA DA ACL n. 22. Florianópolis, 2007.
DIA 27 – 40 anos da posse do poeta e escritor JÚLIO DIAS DE QUEIROZ, terceiro ocupante da Cadeira 10 da ACL, recepcionado pelo Acadêmico EDY LEOPOLDO TREMEL, Titular da Cadeira 1. No encontro “Oficina Literária da Poesia/Prosa”, promovido pela Academia no mês de agosto de 2008, em Florianópolis, Júlio de Queiroz asseverou: O poeta autêntico, não importa qual a escola a que se filie, é aquele que contempla, num relance, a beleza indescritível do infinito que é o ser humano, e, alma arregalada de espanto, tenta nos transmitir essa beleza vista. Os poetas autênticos às vezes o conseguem. A maioria fica na metáfora, no símbolo e na imensa tristeza de não ter podido comunicar o pressentido. Isto quando ele é honesto. In: QUEM ESCREVE EM SANTA CATARINA: Anais dos Eventos da ACL em 2008. Florianópolis: Academia Catarinense de Letras. Tubarão: Ed. Copiart, 2009.
DIA 27 – 25 anos do lançamento, na Galeria de Arte da ALESC, em Florianópolis, da primeira edição de SORRISOS MEIO SACANAS, de SÉRGIO DA COSTA RAMOS, Titular da Cadeira 19 da ACL. Da crônica A Ilha é Mulher, recolhemos: O vento sul é um ilhéu típico, que fala com chiado e que, ao contrário dos magos de ocasião, consegue facilmente entortar árvores e encrespar oceanos. Foi conversando com esse ilhéu que Cruz e Sousa empinou o seu verso simbolista e achou raras onomatopeias para descrevê-lo. […] Nada o detém quando ele bufa e escoiceia, no que há de ser a farra eólica do tempo. Ele se transforma então no vagabundo que rosna sonolento, leva longe o seu lamento , mas sua ferocidade é efêmera. E inócua. Se tanto, desmancha os cabelos da figueira, ou adianta o relógio da Catedral, que nesses dias perde a sua orgulhosa exatidão de Big Ben. Já tem 270 anos, mas parece que tudo começou dijaôji. In: Ramos, Sérgio da Costa. SORRISOS MEIO SACANAS. Porto Alegre: Mercado Aberto/ Edusfcar, 1996.