Pesquisa e texto do acadêmico JALI MEIRINHO, Cadeira 30.
DIA 5 – 140 anos do nascimento, em Itajaí, do empresário, político e escritor MARCOS KONDER, segundo ocupante da Cadeira 8 da ACL. Deputado Estadual, líder da minoria, em 25 de agosto de 1935, na Sessão legislativa em que uma nova Constituição Estadual foi aprovada, discursou advertindo: Não admira assim que, diante dessa anarquia mental e desse confusionismo político, diante de uma falta de visão mais elevada na mentalidade partidária, os inimigos jurados da Democracia – o Integralismo, travesti brasileiro, e inadaptável às nossas condições, do Fascismo italiano ou do Nacional Socialismo alemão, e a Aliança Nacional Libertadora, capa disfarçada do Bolchevismo russo, alcem o colo e julguem azadíssimo o momento para enxotar do Poder os democratas. O fruto lhes parece maduro para uma colheita fácil. Talvez assim seja. […] se não opusermos à propaganda contrária uma pregação sincera e imediata de doutrinas substanciadas em fatos, podemos entoar o De Profundis do regime e preparar-nos para uma ditadura qualquer, militarista, fascista ou comunista. Dois anos depois, em 10 de novembro de 1937, era implantado no Brasil o Estado Novo, ditadura vigente até 1945. Em 21 de janeiro de 1938, Marcos Konder foi preso em Itajaí e levado para o Rio de Janeiro; mantido em um quartel do Exército durante 31 dias, sem culpa formal nem julgamento. Ver: Konder, Marcos. DEMOCRACIA, INTEGRALISMO, COMUNISMO. Blumenau: Typografia e Livraria Blumenauense, 1954.
DIA 16 – 125 anos do nascimento, em Tijucas, do historiador JOSÉ FERREIRA DA SILVA, terceiro ocupante da Cadeira 4 da ACL. Foi o fundador, em 1957, da revista BLUMENAU EM CADERNOS, em circulação até a atualidade, e autor de O Doutor Blumenau, História de Blumenau, Otaviano Ramos – biografia de um poeta, Entre a Enxada e o Microscópio – episódios da vida de Fritz Muller. Neste último conta: Em 1867, deixando o Liceu, Fritz regressou com a família a Blumenau, reiniciando a vida de simples colono. Plantou roças, hortas e pastos. Comprou vacas e porcos, sentindo-se feliz por retornar aos contatos com a terra que ele tanto amava. Mas, apesar disso, não esqueceu os seus estudos. E os seus trabalhos científicos. Tomou parte ativa na administração da Colônia, como Juiz de Paz (1873); na sua vida cultural, fundando sociedades e agremiações; na sua vida econômica, zelando pelo bom nome da comuna no país e no estrangeiro, propagando a salubridade de seu clima e as excelências das suas terras. In: Petry, Sueli M.V. e Ferreira, Cristina. JOSÉ FERREIRA DA SILVA – Centenário de Nascimento. Blumenau: Fundação Cultural de Blumenau, 1996.
DIA 16 – 25 anos da posse do magistrado, professor e escritor NORBERTO ULYSSÉA UNGARETTI na Cadeira 40 da ACL, recepcionado pelo Acadêmico NAPOLEÃO XAVIER DO AMARANTE, Titular da Cadeira 29. No seu discurso de posse Norberto Ungaretti disse: Ao sentar-me na Cadeira de que é Patrono Virgílio Várzea, com ele me identifico porque de fartas águas límpidas, de luares cristalinos e de plácidas lagoas também é feita a terra onde nasci, a Laguna das minhas saudades e dos meus amores, tanto quanto o é esta ilha, vale repetir, a dos ocasos de alucinada luz. In: REVISTA DA ACL n. 14. Florianópolis, 1996/97/98.
DIA 21 – 30 anos da morte, no Rio de Janeiro, da poetisa MAURA DE SENNA PEREIRA, primeira titular da Cadeira 38 da ACL. No seu discurso de posse, em 30 de novembro de 1930, confessou: Quando a paixão pelas artes começou a florir na minha alma em formação de adolescente, eu sonhei, com a fantasia de galopar, percorrendo num minuto os anos e os lustros, feita uma princesa louca, de tranças orgulhosas desmanchando-se aos ímpetos do vento; eu sonhei que havia ainda de entrar para a vossa assembleia, numa noite assim, abençoada pelas hóstias de ouro das estrelas, com a minha cabeça toda branca e toda gloriosa. In: SIGNO – Revista da ACL n. 3. Florianópolis, 1970.
DIA 27 – 170 anos do nascimento, na cidade de Desterro, do bispo Dom EDUARDO DUARTE SILVA, Patrono da Cadeira 8 da ACL. Após concluir o ensino primário na capital catarinense, ele foi para o Rio de Janeiro, onde iniciou sua formação eclesiástica, e aos 16 anos estava em Roma frequentando o Colégio Pio Latino-Americano, sendo ordenado padre em 1874. Exerceu o sacerdócio na Ilha de Santa Catarina e, depois, na Corte, onde em 1880 tornou-se Capelão Imperial. No ano de 1890 foi nomeado, pelo Papa Leão XIII, Bispo de Goiás, então capital do Estado com aquele nome, até a construção da moderna Goiânia, inaugurada em 1933. Na gestão da Diocese, D. Eduardo enfrentou os vícios do Brasil arcaico. Em 1896 um comandante militar pretendeu ocupar o Seminário Diocesano com uma unidade hospitalar. Sem poder resistir, o Bispo tomou uma decisão drástica. Contratou uma tropa de 60 mulas e, com a ajuda dos seminaristas, numa demorada caravana que durou semanas, transferiu os bens da diocese – objetos litúrgicos, arquivos, biblioteca e móveis – para a cidade de Uberaba, no Triângulo Mineiro, dentro da sua jurisdição diocesana. Ali empenhou-se pela criação de uma nova sede episcopal, o que foi concretizado em 1907, com a inauguração da Catedral edificada por D. Eduardo e onde fez inscrever no frontispício: DIVO. CORDI JESU. POSUIT EDUARDUS EPISCUPUS GOYAS 1905 = AO DIVINO CORAÇÃO DE JESUS DEDICOU EDUARDO BISPO DE GOYAS EM 1905. Fonte: Arquidiocese de Uberaba (MG): site da Assessoria de Imprensa.
DIA 31 – 92 anos do nascimento, em Nova Veneza, do professor, historiador, escritor e crítico literário CELESTINO SACHET, Titular da Cadeira 15 da ACL. Eleito em 11 de novembro de 1966 e empossado em 16 de abril de1968, presidiu a instituição em dois momentos: 1970/1973 e 1981/1984. A sua obra, em grande parte, é dedicada à literatura e à história do Estado, destacando-se Santa Catarina – Cem Anos de História, cujo conteúdo ganhou divulgação, em série, pela televisão, e mais recente, Literatura dos Catarinenses, quatro volumes, em parceria com Sérgio Sachet, assim subtitulados: Livro 1: Raízes de uma Identidade;Livro 2: Passos do Catarinensismo; Livro 3: Braços da Historiografia e Livro 4: Pós-Literatura. Na apresentação do último volume ele explica: Pós-literatura significa que não devemos escrever como Machado de Assis. Outro belo exemplo de pós-literatura é a seara de Guimarães Rosa. […] A pós-literatura desafia novos pesquisadores a assumirem as normas de escrever de Machado de Assis e Guimarães Rosa, não como transplante cego mas como reflorestamento ajardinado com muito cuidado artístico. Não se trata de matar a literatura de ontem mas de agora, incluir nela um outro hálito e um outro ânimo para torná-la original, com uma cara própria, inovadora, bonita, alegre. Sachet, Celestino e Sérgio. LITERATURA DOS CATARINENSES: Livro 4: Pós-Literatura.Florianópolis: Sachet Editores, 2019.