Pesquisa e texto do acadêmico JALI MEIRINHO, Cadeira 30.
DIA 1 – Um ano da morte, em Florianópolis, do artista plástico, escritor e poeta RODRIGO ANTÔNIO DE HARO, terceiro ocupante da Cadeira 35 da ACL. Gênio da literatura e, também, como pintor, desenhista e mosaísta, o conjunto da obra que realizou, nos gêneros distintos, parece não encontrar espaço no seu tempo de vida. Foram livros de contos e poesias, desenhos, pinturas e mosaicos em dimensões superlativas, expressando genialidade. O seu último livro foi LANTERNA MÁGICA, publicado em 2019 numa edição de 100 exemplares e ilustrado com seus desenhos, comemorativo aos 80 anos do Autor. No título preconiza a arte cinematográfica e reuniu fatos, guardados na memória da Ilha de Santa Catarina desde a sua descoberta, contados em versos, narrando o imaginário fantástico, o mágico, o lendário e o verídico. Em O TÚNEL NA GRUTA DO MORRO DO CÉU ele anota: Penetras na gruta e te deténs. / O mofo, mel das idades mortas, desperta antigas ordenações. Quem se move lá no fundo? Raízes, serpentes, correm pelo túnel onde tudo começa. / Quem rasgou primeiro a terra, por autoritário comando? Que primeiros objetos guarda o subterrâneo cavado? Pesado cofre de cartas? Ouro? Algum nobre relicário? Dizem que o túnel intrincado, descendo o morro, nossa Matriz alcançava: – É mentira . . . gemem vozes. / Que ao Palácio pertenciam! – Não, não! – Ao Quartel, clamam outros, muito espertos e arrogantes. / Sim, começa o túnel no morro, sob a cruz alevantada. Desde ao fundo em degraus frouxos, com informes animálias. Se continuares descendo entre o esvoaçar dos morcegos, que luz fria, que luz fria, que cidade, acabarás encontrando? In: HARO, Rodrigo de. LANTERNA MÁGICA. São José: Clube Nossa Senhora do Desterro, 2019.
DIA 5 – 60 anos do falecimento, em Blumenau, do empresário, político e escritor MARCOS KONDER, segundo ocupante da Cadeira 8 da ACL. Órfão de pai desde a adolescência, administrou as atividades empresariais da família em Itajaí. Como homem público foi vereador, prefeito municipal e deputado estadual, em sucessivos mandatos por todo o período da Primeira República no Brasil. Na administração do município construiu o prédio da Prefeitura, inaugurado em 1925, atualmente denominado Palácio Marcos Konder, sede do Museu Histórico de Itajaí. Publicou ensaios sobre história e política, entre os quais PEQUENA PÁTRIA, DEMOCRACIA – INTEGRALISMO-COMUNISMO e LAURO MULLER – Ensaio Biobibliográfico, trabalho que mereceu o Prêmio “Hélio Lobo” da Academia Brasileira de Letras em 1953. No artigo Elogio a Eduardo Duarte Silva e Victor Konder, este Ministro de Viação e Obras Públicas na presidência de Washigton Luiz (1926-1930), conta: Mas o fato que mais salientou a administração de Victor Konder foi ter sido ele o pioneiro da aviação comercial no sul do Brasil. Lembro-me ainda quando o hidroavião do Sindicato Condor, de nome “Atlântico”, amerissou no porto e rio Itajaí em frente à velha matriz e depois soltou o voo até a Ilha e Capital de Santa Catarina. Acompanhei Victor nesse trajeto e fiquei tão horrorizado e angustiado com os balanços do avião, enfrentando a tempestade de um vento sul, que jurei naquela ocasião não embarcar mais em máquina voadora. Ancoramos da Baía da Praia de Fora, mas no dia seguinte um céu azul e uma atmosfera calma me convidavam a desfazer o juramento e voltar com o mesmo avião à minha Pequena Pátria. In: SIGNO – Revista da Academia Catarinense de Letras nº 3, Ano 3. Florianópolis, 1970.
DIA 6 – 90 anos da morte, em Florianópolis, do jornalista HAROLDO GENÉSIO CALADO, Fundador da Cadeira 35 da ACL. Pertencente a uma família que desde o século XIX pontificou no jornalismo catarinense, Haroldo Calado integrou o grupo que, precocemente, agitou o movimento literário em Florianópolis. Aluno do Ginásio Catarinense, em 1906 foi redator do jornal O Estudante. Na mesma época, com Altino Flores e Othon d’Eça, fundou o Centro Catarinense de Estudantes e, depois, no mesmo círculo, participou da criação da Academia Catarinense de Letras. Na sua atividade profissional foi redator dos jornais “O Dia”, “Folha do Comércio”, “O Estado” e “A República”. Este último foi o porta-voz do movimento político-revolucionário vitorioso em 1930 que o levou a ocupar o cargo de Chefe do Tráfego Postal da Diretoria Regional de Correios e Telégrafos em Santa Catarina. Laços de Família na Academia: a Cadeira 35 tem como Patrono MARTINHO JOSÉ CALADO E SILVA, pai de HAROLDO CALADO. Seu sucessor imediato na Cadeira foi seu filho LYDIO MARTINHO CALADO. O irmão MARTINHO JOSÉ CALADO JÚNIOR foi o terceiro ocupante da Cadeira 9. O cunhado RENATO MEDEIROS BARBOSA, irmão de sua esposa Juça Barbosa, foi o segundo ocupante da Cadeira 33 do sodalício. Quando do falecimento de HAROLDO CALADO, o jornal O ESTADO, em artigo destacado, registrou: Dos serões realizados costumeiramente em casa de Othon d´Eça à rua Fernando Machado, resultou Haroldo Calado escrever uma novela realista – Hereditariedade – que dedicou a Altino Flores e conservou inédita. […] Uma vez o teatro o seduziu. Ainda com Altino Flores, escreveu a revista-opereta CADÊ O BASTIÃO? – que foi a peça catarinense que maior número de representações obteve em Florianópolis! In: Jornal O ESTADO, Florianópolis, 8 de julho de 1932.