Laerte Tavares

O meu alerta!

Prezados acadêmicos e cidadãos catarinenses, o convite da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) para analisar possíveis modificações na letra do Hino de Santa Catarina (em encontro marcado para o dia 15 de agosto de 2023, às 9h, naquele recinto) acedeu-me ao olhar, o zelo felino de leoa lactante, à proteção de nossas instituições. E solicitarei para postar nesse espaço acadêmico o meu parecer particular contrário à mudança, não sendo expressão da Academia Catarinense de Letras como instituição do Estado de Santa Catarina. Cordialmente, Laerte Tavares – titular da Cadeira 16, que tinha por último ocupante Alcides Abreu – um mestre.

Postaria também um vídeo, tendo por fundo musical o referido Hino, de um poema editado em meu livro RETALHOS D’ALMA, dedicado à memória do poeta Marcelino Antônio Dutra – o poeta do brejo (Desterro 1809-1869) –, que editou o primeiro livro em Santa Catarina intitulado Assembleia das Aves.

Acesse o vídeo aqui

Conforme noticiou a imprensa, o projeto de lei será discutido em audiência pública no próximo dia 15 de agosto, na Assembleia Legislativa (Alesc), em Florianópolis. A proposta cita a letra do hino atual como “abolicionista” e, segundo apuração da jornalista Caroline Borges, já provocou reações e críticas entre parlamentares e pessoas ligadas à cultura. Veja matéria publicada no Portal G1, em 02/08/2023:

O projeto foi apresentado em fevereiro pelo deputado Ivan Naatz (PL). O objetivo é criar um concurso para eleger a nova música com uma letra citando as “belezas naturais, a cultura catarinense e sua história”, segundo o projeto.

No texto, Naatz destacou que o projeto não busca desrespeitar a importância do hino, mas sim “melhor traduzir a história dos catarinenses”. A canção foi composta em 1892, com letra de Horácio Nunes Pires e música de José Brazilício de Souza. Ela se tornou a canção-símbolo do estado em 1895.

O que diz o projeto

Para Naatz, muitos catarinenses não conhecem o hino e não sabem cantá-lo. No pedido para a audiência pública, feito em 2 de maio de 2023, o deputado acrescentou que a letra “nunca caiu no gosto e na memória popular” e que “apresenta um aspecto geral abolicionista, e talvez por isso seja considerado pouco representativa”.

“Apesar de ser considerado um símbolo do Estado, o atual hino foi escrito num determinado momento histórico e político do país, no século XIX, e que em nada retrata os valores e potencial catarinense, além de nunca ter caído no gosto e na memória popular”, diz um trecho do texto.

Na audiência pública, o deputado pretende ouvir sugestões para a formação do edital de convocação do possível concurso e da comissão especial que seria formada para escolher o novo hino. O vencedor do hino receberia um valor que ainda será discutido.

 

Hino de Santa Catarina

 

Composição: Horácio Nunes Pires (letra) / José Brazilício De Souza (música)

 

Sagremos num hino de estrelas e flores

Num canto sublime de glórias e luz

As festas que os livres frementes de ardores

Celebram nas terras gigantes da cruz

 

Quebram-se férreas cadeias

Rojam algemas no chão

Do povo nas epopeias

Fulge a luz da redenção

 

Quebram-se férreas cadeias

Rojam algemas no chão

Do povo nas epopeias

Fulge a luz da redenção

 

O povo que é grande, mas não vingativo

Que nunca a justiça e o direito calcou

Com flores e festas, deu vida ao cativo

Com festas e flores, o trono esmagou

 

Quebrou-se a algema do escravo

E nesta grande nação

É cada homem um bravo

Cada bravo, um cidadão

 

Quebrou-se a algema do escravo

E nesta grande nação

É cada homem um bravo

Cada bravo, um cidadão