“Caminho sem volta”, do veterano escritor catarinense Miro Morais, e “Alice deve estar viva”, estreia do ator gaúcho Werner Schunemann, são dois promissores romances que o grupo editorial Almedina lança este ano no Brasil e em Portugal.
Os livros “Caminho sem volta”, do veterano escritor catarinense Miro Morais, e “Alice deve estar viva”, estreia do ator gaúcho Werner Schunemann, são dois promissores romances que o grupo editorial Almedina lança este ano no Brasil e em Portugal.
Werner Schünemann faz sua estreia no gênero e quem já leu os originais sentiu o lampejo do bom escritor, capaz de produzir, não apenas bons livros, mas também novos leitores.
Enquanto a narrativa do gaúcho é contida e terá menos de 200 páginas, a de Miro Morais é de estilo caudaloso e terá mais do que o dobro do colega do estado vizinho.
Miro Morais é conhecido do público pelas relevantes funções desempenhadas sempre com brilho e ser autor de livros marcantes.
O romance “Cândido assassino”, de 1982, que ganhou o prestigioso Prêmio Cruz e Sousa, baseou-se na história real de um criminoso indultado no Natal. A caminho de Joinville, para visitar a família, não fez jus ao ato de clemência e matou dois idosos para roubar-lhes o dinheiro. “Senti ali uma grande traição à minha crença no ser humano”, disse o escritor em entrevista, quando contou como escreveu o romance.
Miro Morais tinha conhecido um presidiário reincidente na Penitenciária Estadual e aproveitou esta experiência para compor seu personagem problemático.
Já em “O reino dos esquecidos” toma conta das tramas o fidalgo Manoel Manso, que deixa o Rio de Janeiro imperial, no século XIX, e vai para a fictícia Bravatá, no Sul do Brasil, para implantar sua utopia: um povoado onde todos podem viver felizes.
A bravata torna-se realidade e das selvas surge uma babel de raças e línguas que entretanto vão expor as contradições inerentes à essência do ser humano e coisas jamais imaginadas pelo fundador.
A utopia sai de seu controle e entre os moradores sobrevêm as paixões, os ódios, os amores, a traição e a solidão, as esperanças, tristezas e alegrias que acompanham o homem para onde quer que ele se desloque.
Miro Morais é também conhecido por “A coroa no reino das possibilidades”, denso e profundo estudo da porção açoriana da alma de milhões de brasileiros.
A editora Almedina trouxe em 2021 o romance de estreia de José Mattos, “Dias Contados”, narrativa à la romance policial, que se passa no Rio. Vieram no mesmo ano “O olhar da águia”, romance de Carlos Nejar; “Crônicas, tá o.k.?”, de Carlos Eduardo Novaes, e “Tiranos”, de Ernani Buchmann, precioso e sintético rol de ditadores que se tornaram personagens referenciais de romances latino-americanos. Integra a coleção, intitulada “Abelha: Mel & Ferrão”, um meticuloso estudo de Martin Wille sobre as pesquisas dos alemães Martius e Spix no Brasil. E saem ainda este ano “O último dia de Cabeza de Vaca”, ficção alucinante e de tom surrealista, como é próprio à realidade das,Américas, do jornalista Fábio Campana, levado pela covide logo depois de fazer a revisão do autor, e “Lagoa dos Cavalos’, romance de José Carlos Gentili baseado na vida do padre Feijó, regente imperial do Brasil.
Para celebrar o bicentenário da heroína de dois mundos, Anita Garibald, a editora preparou dois livros. “Balada por Anita Garibaldi & Outras Histórias Catarinautas”, de Deonísio da Silva, reunião de narrativas curtas cujas tramas e personagens se passam em Santa Catarina, é prefaciado pelo senador Esperidião Amin, “recente amigo de infância do autor”. E já está no prelo “Anita Garibaldi revive”, do conhecido jornalista Moacir Pereira, autor de livros relevantes sobre personalidades, temas e problemas catarinenses, e colunista em jornais diários e e na televisão.
Novos e bons livros estão sendo preparados para 2022. O povo do livro encontrará boas opções literárias no catálogo do grupo editorial lusófono, muito conhecido do segmento de obras referenciais das Humanidades, mas sem ter publicado literatura brasileira até então. Os autores e livros publicados constituem-se em novos caminhos para os autores brasileiros.